Crônicas

Uma cidade chamada Covilhã

A Covilhã (em Portugal) tem seu clima próprio. Num mesmo dia pode chover, fazer Sol, arco-íris. O dia começa quente e termina frio, e vice-versa. Numa mesma semana pode fazer 20 graus e -1. Pode nevar no meio da primavera. Pode chover dias sem parar.
A Covilhã tem um humor próprio, independente da estação. Estamos na primavera e ainda assim não guardamos todas as roupas de frio. A verdade é que, apesar de pequena, Covilhã procura nos surpreender todos os dias.

Seu Albino de Lisboa

Hoje conheci o Seu Albino. Um típico português de Lisboa com os “ks” e “qs” na ponta da língua. Seu Albino é morador do mundo mas mora hoje na Covilhã.
Seu Albino lutou na guerra, foi pra África. Morou 12 anos na Alemanha e tem o sonho de conhecer o Brasil.
Seu Albino percebeu que eu era de lá, talvez por isso puxou conversa. Seu Albino deve ter seus 70 e poucos anos e divide uma das casinhas (provavelmente) brancas da Covilhã com a esposa que não tem o mesmo sonho que ele. “Ela acha que no Brasil tem muitos vigaristas” (leia-se com sotaque português). Seu Albino tem cabelo branco e um sorriso simpático. Carrega uma bengala na mão e, com a outra, gosta de mostrar como é a vida por aqui. Seu Albino mora na Rua Santo Antônio. Talvez você o encontre por lá.

Em cada rua, uma história

Moisés (nome fictício) estava deitado debaixo de um telhado em um prédio na Avenida Benjamim. Ele dormia com um grande casaco e uma coberta no chão duro do lugar. Quando nos aproximamos para lhe dar um potinho com sopa quente, ele sentou e tratou de conversar.

Moisés, no auge de seus 30 e pouco anos, trabalha com reciclagem e guarda um dinheirinho para voltar para Caxias assim que der. Ele mora, hoje nas ruas de Lajeado, mas é um homem do mundo. Um andarilho que tem sonhos, que passa fome e sen

Casa de vô e vó

As cantigas infantis falam de todas as coisas que vivemos na infância. Elas lembram as noites quentes de verão sentadas na varanda da casa dos meus avós. Era lá que a criançada se reunia e onde a família enchia a mesa para o almoço de domingo.

Na casa de vô e vó não há tristeza nem dias ruins. Ela é colorida, e se transforma em uma terra mágica com jogos de tabuleiro, pipoca e as bolachas preferidas dos netos. Mesmo que eles não gostem de amendoim, se for o doce preferido das crianças, os avós

A partida do menino

Ele nasceu no primeiro dia do ano. Inocente e pouco experiente, logo começou a carregar pesos maiores do que podia suportar. Mas manteve-se em pé, corajoso. Seguiu em frente. Trouxe uma primavera linda que atrasou o inverno, que atrasou o outono que ainda deixa o verão confuso.

De uma criança alegre e cheia de sonhos, tornou-se um adulto preocupado com a natureza, com a política do mundo, com as pessoas e os animais. Lutou pelos direitos humanos e tentou evitar discussões. Quis cuidar de seus f